segunda-feira, 6 de abril de 2015

A PEÇA ESSENCIAL





















Olho para essas páginas em branco,
estou tentando preencher com cores,
palavras, sabe como todo dia,
fazendo valer a pena.

Tem dias que as peças não se encaixam,
parece que as horas escondem o caminho perfeito;
quando me dou conta o quebra-cabeça está por começar.
Sou eu perdido no tempo, 
tropeçando em pequenas pedrinhas,
buscando a peça final.

Olho para essas páginas borradas,
estão tentando me devolver algo
do que aprendi hoje, com erros ou acertos,
estou fazendo valer a pena.

Tem dias que as peças não se encaixam, 
porque não é a hora exata, o caminho perfeito
vem naturalmente a cada passo;
quando me dou conta o quebra-cabeça está completo.

Sou eu no meu tempo.

(06/04/15)

sábado, 4 de abril de 2015

FILANTROPIA

Gentileza existe, é rara, sempre surpreende quando ocorre.
Gentileza atrai gentileza e o desalento se conforta no aconchego dos seus feitios.

Ela desarma mal-educados, os converte pelos atos.
Gentileza é arma sagaz, tem que saber engatilhar a consciência, a hora certa para disparar, pois nem todo alvo sobrevive a sua grandiosidade. 
Quebranta coração duro, deixa cicatriz, é fatal ou ineficaz.  


Se falta gentileza e transborda o preconceito, 
consuma-o num gole esse insulto amargo, 
veneno da ignorância desrespeitosa. 
Esta parasitose nas entranhas é fruto da maldade
e a gentileza a tudo revigora.

(04/04/2015)

segunda-feira, 30 de março de 2015

30

- Como estou? Em trinta pedaços...
O passado volta dizendo que ainda está vivo e desperta uma parte daquele sentimento que você já tinha procurado acalmar...
Dae tudo fica em pedaços miúdos.
A rotina vira um caos.
O sinal vermelho vira siga, o amarelo se torna pare.
E todas as funções motoras parecem corresponder a um chamado: a do bendito coração sem razão.
É um sujeito de nome e sobrenome.
Ah, é lindo. Imperfeito. Mas não é simples.
Leva anos pra chegar nesse conceito.
Só sei que não odeio.
Mas sou trinta desde ontem e maduro o suficiente pra não cometer os mesmos erros de outrora.
Mas isso porque não o vejo na minha frente agora... Senão seriam só palavras. 
Juntando todas as partes inteiras em pleno juízo.
- Sim, estou bem. Graças a Deus, o que me importa: saúde, paz, mansidão e o caduco amor.

(25/03/15)

sábado, 28 de março de 2015

VIVER O EU

Apenas me olhe, julgue, se estou morno na sua concepção, não sirvo pra servir. Fique com o papel sujo, eu não me importo com quantidade, então, quem afinal está em cima do muro?! Apenas me olhe, e veja, estou liberto dos grilhões agora. Eu quero viver. Eu vivo a intensidade da vida, dia a dia, não tenho mais tempo pra desperdiçar, nem acredito que a felicidade plena esteja tão distante do meu alcance. Meu espírito é livre,  porque já vagou em vales sombrios. Eu sou livre porque tenho uma alma, e não lhe pertence. Eu só quero o que me pertence, e não apoio esses processos que tiram meus direitos de ser. Eu quero viver. Viver o Eu. Hoje acordei disposto, em algum instante do dia fui repreendido, tipo uma lição de moral, sabe aquelas sobre estilo de vida... Cada um com sua opção. Enfim, nenhuma surpresa. Nada novo de novo. Eu quero viver. Viver o Eu.

quinta-feira, 26 de março de 2015

O FIM DO MUNDO



Considere isto.
Estou de volta no lugar onde nunca deveria ter saído.
Meus pés pisam firme, revitalizando raízes outrora rompidas.
Homens deslocando ao além, a meta é alcançar o intangível, voar alto.
Considerei que sozinho não tenho sentido.
Considere-se.
É tempo de estender as mãos.
É tempo de compreender que todos buscam o mesmo propósito independente do caminho. Ainda há o novo pra se ver e fazer, pois os velhos erros só modernizaram a aparência. Considere o próximo.
Não espere. 
Faça.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

SILÊNCIO

A gente se arrisca falando ao próximo o que pensa e 
sente, e ganha o silêncio em retribuição.
Isso é o que causa angústia, esse silêncio diz muito também...

A tal luz no fim do túnel - isso eu descobri recentemente - não transcende daqueles que estiveram comigo o tempo 
todo. É das pessoas na boca do poço chamando meu nome, quando os mais frequentes tomavam meu tempo e estenderam a mão pra empurrar. Eles não toleravam os meus defeitos. Espatifaram feito pequenos cacos de vidro, esparramados, eles brilham e cortam. 

O amor é carrasco, se sujeita a tudo, perdoa sem questionar. Eu cai, senti a escuridão obstruir minhas entranhas e adormecido no paraíso das trevas, gozei.
A minha vista cansada do vazio quase cegou as lembranças (silenciosamente).
Veio o caos, a tal luz rompeu o breu. Comecei a me familiarizar com o rosto de cada um. 
Lá no topo do farol, eles clamavam por paz. Decidido, resolvi voltar a assumir meu nome.

Hoje, nem preocupação com o silêncio alheio existe.
Grana não é o problema. Falta gentileza no mundo.
Falta amor, gratidão e respeito.
Sorriso verdadeiro que faz abraço.

Isso é um fundo de poço.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

VOCÊ AINDA PODE VIVER

Você ainda pode viver! Fiz das tripas coração. Pulsa a alma entre poros, a fadiga eloquente deste corriqueiro cotidiano. Sobressai, porções de felicidade, gotas escorridas de perseverança. É um deleite pertencer ao próprio juízo. Na memória que corre entre minhas veias, a cor vigorosa das glórias dos proscritos que nunca desistiram, cicatrizaram o solo deste hoje. Plantemos as sementes do amanhã.


Parabéns aos cadáveres que habitam sua nação sem se sentir na vida. É o que me resta, debochar desse digesto...
Você ainda pode viver, sentir esse sol iluminar as ideias ou deixar cegar os olhos da ignorância com ardor.
Esse veneno que lhe alivia a dor, é o mesmo mel que alicia os teus iguais. Morto não sente dor. Vivo seja pelo que for. Desfruto desnudo da dádiva de viver. Eu, você e vocês que preferem o luto á luta, devem a vida, bendizendo essa eterna divida sem preço.
- Ainda se pode reviver?
Ora, mas que pergunta insensata. Afinal, ela - a vida - é de fato feita para desvairar; num instante ou decadente se desfaz. Mas esse sopro. Por si, enquanto lhe prende na beleza de ser, refaz o existir, um sublime indefinido, supera os ideais.
Você ainda pode viver! Deixe o luto para os insanos, pois dar murro em ponta de faca e culpar a lâmina de estar afiada, desperdiça sangue desse amor doentio. Há quem prefere a dor sucessiva para se realizar, ao invés do desapego de sua carne. Ao desviver disso, viva intensamente hoje. Ressuscite o amor próprio e não se anule  nesse pré-fabricado "amor pasteurizado", que te isola no luto. Você ainda pode viver!